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Óculos de sol para bebés. Usar ou não usar?
Quando começar a usar óculos de sol? Que lentes escolher para evitar os perigos da radiação solar? O verão está a chegar. Há questões a abordar, dúvidas a esclarecer, opções a tomar. Os pais querem proteger os filhos. Óculos de sol para bebés? Quando e como? Uma coisa é clara. Até aos seis meses de vida, não é recomendável que um bebé seja exposto diretamente ao sol. Depois sim, com cuidado, atenção e precaução. A utilização de óculos de sol em idades tão prematuras não converge para o mesmo sentido, depende dos pontos de vista.
Os olhos devem ser protegidos da radiação solar em qualquer idade, só que, por vezes, as armações são objetos estranhos. Há, no entanto, situações incontornáveis. Nesses casos, modelos resistentes, confortáveis e maleáveis fazem a diferença.
Os malefícios dos raios ultravioleta (UV) são conhecidos, as horas aconselhadas para apanhar sol também. “A melhor proteção solar para um bebé é a utilização de um chapéu com abas largas, protetor solar e óculos de sol, evitando a exposição solar direta nas horas de maior intensidade da radiação ultravioleta, entre as 11 e as 16 horas”, sustenta Rita Couceiro, oftalmologista pediátrica do Hospital Lusíadas Lisboa.
opiniões várias
Eugénio Leite, oftalmologista e diretor das Clínicas Leite, também recomenda o uso de óculos de sol, tendo em atenção alguns fatores e atuando em conformidade. “Os óculos de sol cumprem duas funções, primeiro, reduzem o excesso de luz que entra nos olhos, em condições de grande luminosidade, logo proporcionando maior conforto ao diminuir o encadeamento visual com melhoria do contraste e, segundo, impedem a entrada das radiações ultravioleta.” Mas há que “nunca esquecer que o chapéu ou boné pode ser mais benéfico do que óculos nos primeiros meses de vida, apesar de não serem prejudiciais se a criança os usar por tempo adequado e em ocasiões específicas”, acrescenta. Em seu entender, não há uma idade mínima para usar óculos de sol.
Fernando Chaves, pediatra do Hospital Lusíadas Lisboa, não aconselha, não recomenda. “É um folclore total, completamente desnecessário. Um chapéu de abas é suficiente para proteger do sol, chega e basta”, afirma. Os bebés dão sinal quando o sol incomoda, viram a cara, fecham os olhos, os adultos percebem. Há ainda a questão de bebés e crianças aguentarem os óculos na cara sem os tirarem. A usar, a ter de ser, que sejam de qualidade, diz o pediatra.
óculos de sol para bebés
Óculos em idades tão precoces podem, de facto, causar desconforto, são um objeto estranho no rosto, se forem escuros, todo o ambiente à volta escurece e pode não ser agradável. “Não vale a pena insistir na sua utilização, exceto em algumas situações particulares, em que a utilização de óculos de sol é recomendada a todas as crianças, nomeadamente em ambientes com elevados níveis de radiação UV (por exemplo, em altitudes mais elevadas) ou com superfícies que refletem esta radiação (água, neve, gelo, areia)”, pormenoriza Rita Couceiro.
Óculos de sol obrigatórios sempre que uma criança tenha uma patologia ocular, seja patologia da retina, albinismo, aniridia, ou que faça tratamento a fotossensibilidade. Nas crianças sem riscos oculares, a prevenção é importante, ou seja, óculos de sol em atividades no exterior durante a exposição solar, na praia, piscina, passeios, segundo Eugénio Leite. “Mas há outras alternativas a considerar e de importância capital como proteger as crianças do sol, usando protetor solar (particular atenção às pálpebras), uso de chapéu de abas largas ou boné cuja pala proteja os olhos da incidência direta da luz solar e t-shirt, assim como evitar as horas de pico de calor ou de ultravioleta”, sublinha o médico.
Tamanhos, modelos, lentes
Há factos a ter em consideração, avisa Eugénio Leite. A resistência ao uso de óculos por parte dos bebés é um deles. Há outros. A exposição à radiação solar, a longo prazo, aume nta o risco de patologia degenerativa e neoplasias da pele, conjuntiva, córnea, retina, alguns tipos de catarata. Os olhos são cerca de 20 vezes mais sensíveis do que a pele. O sistema visual desenvolve-se até aos 10, 11 anos de idade. “No caso das crianças, por ainda não terem os olhos totalmente desenvolvidos, estes absorvem maior radiação solar e estão, deste modo, mais expostos aos perigos do sol, até porque o cristalino é muito transparente, o que facilita a transmissão de radiação solar”, realça o especialista. Quanto mais radiação solar, mais risco de patologia relacionada com a degenerescência macular da idade.
A usar, há aspetos a considerar. O tamanho é essencial. Nem pequenos, nem grandes, o molde certo. “Devemos adequar o tamanho dos óculos à cara da criança ou bebé, com preferência para modelos mais resistentes, confortáveis e maleáveis”, sugere Eugénio Leite. “Até porque as crianças que estão a aprender a andar podem cair e os óculos podem magoá-los”, exemplifica.
Rita Couceiro fala das lentes. É necessário garantir que tenham um filtro UV de 100%, habitualmente indicado num autocolante na própria lente, ou no interior das hastes, ou no certificado da lente com a referência “UV 100%” ou “proteção 400”. “Não basta que as lentes tenham o selo ‘CE’, uma vez que este apenas indica que estão homologados segundo a diretiva da Comissão Europeia e não se referem diretamente ao filtro UV”, alerta a oftalmologista pediátrica.
Lentes mais escuras igual a mais protecção?
Quanto mais escuras, mais protegem? Não é bem assim. Óculos com lentes escuras não são sinónimo de proteção ocular. Não é a cor, é o filtro incorporado na lente que cria a barreira aos raios UV. “É importante alertar que as lentes mais escuras não são necessariamente as que protegem mais os olhos”, destaca Rita Couceiro. “Com óculos escuros, algumas crianças pequenas podem não ter uma boa perceção da intensidade real da radiação e expor-se mais inadvertidamente ou fixar o sol, pelo que os pais devem estar atentos para que isto não aconteça.”
Qualidade e boas lentes
O pediatra Fernando Chaves insiste na qualidade, a ter de usar óculos. Boas lentes que não reflitam os olhos, que não filtrem apenas a radiação que o olho recebe.
O material também é importante. “O ideal é optar por lentes de plástico ou policarbonato, mais resistentes e, por isso, mais seguras em caso de queda”, propõe a oftalmologista pediátrica. “As lentes devem estar sempre íntegras, sem riscos e a armação deve estar bem-adaptada ao formato e tamanho do rosto da criança, impedindo que a radiação passe quer pelos lados, quer por cima ou por baixo das lentes”, acrescenta.
Há diversas variáveis a ter em conta, portanto. Armação deve proteger ao máximo a radiação direta e refletida, impedir a entrada de raios solares seja pela frente, seja por baixo, seja por cima ou pelos lados. O contorno dos óculos deve estar sempre em contacto com a pele, à frente e de lado. Uma fita elástica pode facilitar o posicionamento.
Não usar apenas no verão, no inverno também. “É fundamental não esquecer que no inverno também existe este risco, apesar da menor exposição”, refere Eugénio Leite. Também há bom tempo no inverno e também há vontade de ir brincar para a rua, para o exterior. Com ou sem óculos de sol.